Em dezembro de 2006, eu escrevi meus desejos para o ano seguinte, mencionei cócegas nos hipopótamos, saias indianas e crianças que brincassem de pique-esconde num turbilhão de cores esvoaçantes. As pessoas sorririam nas janelas e as roupas recenderiam livremente a amaciante. De fato 2007 foi um ano cheio de energia solar, nada foi proibido, (quase) tudo foi permitido e eu voltei a ter cócegas em lugares improváveis (sempre tive, mas agora apareceu quem se dispusesse a fazê-las).
2008 será como uma tarde de dezembro, ou um amanhecer de verão, tanto faz. As pessoas sairão às ruas para fotografar os lírios e a grama recém-nascida, a luz será sempre inclinada, chegando aos olhos como um ruído singelo, ou uma brisa fresca, para que todos possam desfrutar dela, mesmo cegos ou surdos. As cores serão mais cores, e o desfrute de uma vida colorida e vibrante será sentido intensamente até por aqueles que enxergam em preto-e-branco, ou então confundem verde com tons pastéis. Nada de momentos sépia no ano que se aproxima, a não ser em casos de homenagens sinceras, com lágrimas a lhes embaçarem as vistas e a tristeza bem-vinda das ocasiões felizes.
Façam guerras de almofadas, espirrem à vontade e cheirem ruidosamente os cabelos uns dos outros; sejam mais selvagens e instantâneos, mais espontâneos e menos perfeccionistas, não perturbem os animais!!!, escutem músicas, sorriam muito, defendam alguma causa, abandonem suas terceiras-pernas, amém.