sábado, julho 22, 2006


Tenho vontade de escrever para o mundo um texto denso e tocante, para abrir a ferida purulenta e quase-matar vocês, para acabar com o recato que me reduz perante a vida e gritar a minha dor. É que tenho uma relação visceral com as palavras, elas me sussurram e eu berro para elas, eu choro textos e gargalho poemas sóbrios, ébrios, cinzas e brilhosos; tudo transcende a existência e se despede da vida. Mas, aí, eu serei incapaz de dar-lhes o soco certeiro, ou de espremer-lhes o coração até a gota final; querer atingir é muito fácil, atingir mesmo, ah... Recebam as lágrimas de fel e rasguem todo recato, mergulhem nas impurezas e voltem bem limpos, bem sãos, mas ainda capazes de puxar o gatilho, para arremessar as balas de fogo àqueles que se deixam sumir.

Meu medo é morrer de repente, como se abortado do mundo, ainda sentindo, sentindo muito.