domingo, julho 27, 2008

Eu gosto muito do papai

Eu gosto muito do papai. Ele é muito bom, muito bom mesmo. Papai possui um escritório de várias representações, papai representa várias indústrias junto ao comércio de Brasília.

Papai é magro, forte, muito e muito corajoso. Nós todos lá de casa gostamos muito mesmo do papai. Papai nos leva a passear, papai nos leva ao clube, aos cinemas, aos parques de diversão. A muitos lugares papai nos leva, e além disso papai nos leva ao cinema, para o parque de diversão, para o clube. Papai é muito bom.

Papai compra brinquedos para nós. Compra roupas, compra muita coisa, é sim, vocês pensam que papai não compra? Compra sim. Quem é Papai Noel, hein? É o nosso pai, não é? Pois então não é ele que nos dá os presentes que nós pedimos? Então, estão vendo como papai é bom? Viva o dia dos pais!

(redação escrita pelo meu pai quando ele era criança, em data imprecisa)

terça-feira, julho 22, 2008

O Grito


Acordou cedo aquele dia e examinou o rosto fundo e embaçado no espelho; sua miopia devia ter saltado uns 5 graus, mal enxergava. De repente soube divisar algo parecido com uma porta na superfície daquele vidro que sempre o andara observando. Sim, uma porta escura cuja profundidade sinistra prolongava-se para o além. Pensou se deveria continuar olhando aquele filme que lhe projetavam por ali. Sim, por que não?, um filme é totalmente seguro e o espectador sabe que nada vai acontecer com ele, porque é só uma representação. Ademais já tinha 20 anos, em breve seriam 22, depois 25, e ele seria um adulto, e viajar na maionese, nunca mais; sete, quatorze, vinte e um. Tinha um gosto estranho na boca que sem dúvida era da sopa do dia anterior, mas não saberia precisar se era do sal, do alho, da pimenta ou do gengibre. A porta agora mostrava um universo paralelo, um país das maravilhas, talvez?... O gengibre era como mandrágora e a pimenta era docinha, docinha. Olhando-se naquele espelho, naquele banheiro frio, sentia-se duro e solitário tanto quanto vai se sentir a última barata na Terra, depois da Terceira Guerra Mundial. Não mais quis hesitar, montou na pia belíssima de granito rosado e atravessou, como as personagens clássicas, que, nas histórias clássicas, simplesmente atravessam.

dica da semana:
o novo CD da Carla Bruni é legalzinho, mas começo a escutar e lembro que as músicas podem ter sido inspiradas no Sarcozy, e de repente fica tão nojento.