Academias são ambientes pouco confortáveis para nerds inexperientes como eu, que, como eu, não sabem mexer nos computadores de lá, não sabem regular as máquinas de lá, não sabem encontrar as máquinas de lá, não sabem ligar as bicicletas de lá e cambaleiam tontos até o bebedouro, de onde jorra o líquido vital, que escorre pelo chão inteiro, porque eu estou exausto demais pra acertar a água de primeira.
Igualmente desconfortável é um tal de cross-não-sei-o-quê; eu ainda mato o cafajeste que teve a coragem de inventar aquela máquina sacripanta, que até nossos pensamentos mais recônditos conhece. Dez minutos naquilo lá, puxando alavancas e subindo degraus, foi demais pra mim. Aliás, o objetivo era só puxar as alavancas, as pernas moviam-se sozinhas; as pessoas ao meu lado faziam com tanta classe e elegância que eu definitivamente estava fazendo tudo errado, porque o meu reflexo no vidro estava desengonçado demais, quase dançando. E ela ainda avisou, no visor: "acalme-se". Ah, vá passear.
Eu saí de lá cambaleante, com a parte acima da cintura doendo, e a parte abaixo da cintura praticamente adormecida. Mas o dia estava bonito, e isso foi a minha recompensa.
\o/
(caderno cultura atualizado)
Na foto, meus dedões se abraçam e se consolam, cada um com a vitalidade adormecida de suas vivências amargas.