segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Ponte com brigadeiro em cima


O papel em branco, a caneta ali dando sopa, aí eu faço essa parte de baixo, que deveria ser uma ponte, e acho que ficou com a maior cara de fôrma* de brigadeiro. Aí desenho o sol por cima, ponte com sol em cima, e decido pôr olhos e raios gordos. Pronto: girassol.

Ponte-sol-brigadeiro-girassol.

*ainda tem acento, conforme dicionário; ainda bem, porque pra mim, quando eu lia textos em que fôrma vinha sem o circunflexo, era tão inaceitável que o tivessem tirado na reforma ortográfica.

domingo, fevereiro 26, 2006

Dia errado


O dia nem começou e já está cheio de erros. Por exemplo, eu acordei às 7:50, achando que eram 9 da manhã, porque estava um calor enorme. Tomei várias canecas cheias de café, olhei pra janela e tinha uma nuvem enorme lá fora, e já ventava frio. Minha mãe dormiu até as 11h, o que nunca - eu disse nunca - acontece. E, claro, ninguém atende lá no Nippon. Será que abrem hoje?

Ih, droga, vai chover. Tá tudo errado.

P.S.: o curso da adeuslenin não me tem feito muito bem, digito o "R" com o dedo errado e perdi velocidade. É bom que eu pratique no carnaval.

Na foto, minha tatuagem. De batata frita.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Adeus, Lênin!


Começaram hoje as aulas de digitação. Porque digitar direito é necessário. Oito horas da manhã? Sim, até as doze. "Vocês são alunos de adeuslenin?"

Adeuslenin é o nome da nossa professora, e o curso é num lugar bem simpático, com árvores, cantinas que fazem tapioca, pardais gordos e centro espírita. Todos os alunos são mulheres, menos eu e Henrique. Meninas que fumam, senhoras que quebram o farol do carro e mulheres que morrem de rir com o espirro dos outros (e eu acabo morrendo de rir junto). E adeuslenin, claro. Esta, indispensável.

E eu não vou parar de ver Lost, mesmo que tenha de dormir no meio do curso, digitando asdfg asdfg asdfg gfdsa gfdsa.

E é melhor eu sair daqui, porque fico a tentar digitar certo, e logo tenho agonia, porque não consigo.

Pato Fu: "quanto maior a simplicidade, melhor o nascer do sol"
E eu chorando, chorando. É que essa música abriu um furo em mim e de lá saiu todo o amargor podre; eu nunca achei que Pato Fu fosse me tocar tanto.

domingo, fevereiro 19, 2006

Açaí com dinheiro


Aquele lugar é mesmo um tanto quanto detestável. Homens musculosos e endinheirados (um termo óbvio por lá) saem de suas motos com luzes de neon e refestelam-se no conforto garantido de suas gramas atapetadas, enquanto mulheres uniformizadas fazem o mesmo, gritando com agudez. Um pouco antes de o Victor cair no lago, adolescentes de biquíni e calças pseudozens, provavelmente sem calcinha, passeiam pela calçada, chamando atenção (a ordem por lá). Mais à frente, encontram homens que comentam acerca de suas carnes.
Aí, o Victor cai no lago.
Elas voltam em seguida, rebolando bastante, felizes. E mesmo que o Victor tenha feito um estardalhaço ainda que discreto, a família de dois iates não se importou, o cachorro sozinho e a mulher com um biquíni de lona socado misteriosamente lá dentro do... lá dentro.
Dinheiro pra quê, não é mesmo?

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Os polvos de ferro da academia

Academias são ambientes pouco confortáveis para nerds inexperientes como eu, que, como eu, não sabem mexer nos computadores de lá, não sabem regular as máquinas de lá, não sabem encontrar as máquinas de lá, não sabem ligar as bicicletas de lá e cambaleiam tontos até o bebedouro, de onde jorra o líquido vital, que escorre pelo chão inteiro, porque eu estou exausto demais pra acertar a água de primeira.
Igualmente desconfortável é um tal de cross-não-sei-o-quê; eu ainda mato o cafajeste que teve a coragem de inventar aquela máquina sacripanta, que até nossos pensamentos mais recônditos conhece. Dez minutos naquilo lá, puxando alavancas e subindo degraus, foi demais pra mim. Aliás, o objetivo era só puxar as alavancas, as pernas moviam-se sozinhas; as pessoas ao meu lado faziam com tanta classe e elegância que eu definitivamente estava fazendo tudo errado, porque o meu reflexo no vidro estava desengonçado demais, quase dançando. E ela ainda avisou, no visor: "acalme-se". Ah, vá passear.
Eu saí de lá cambaleante, com a parte acima da cintura doendo, e a parte abaixo da cintura praticamente adormecida. Mas o dia estava bonito, e isso foi a minha recompensa.
\o/
(caderno cultura atualizado)
Na foto, meus dedões se abraçam e se consolam, cada um com a vitalidade adormecida de suas vivências amargas.

sábado, fevereiro 11, 2006

Amor, horrível amor


Apaixonado por alguém que não conheço, eu, ultimamente, tenho sentido um amor que sai aleatório do ar e me fisga sem que eu perceba, que aplica um colorido intenso ao meu mundo sépia - sépia, porém não amargo, embora amargo seja eu, cadáver amargo que se beija.

Antes que o abismo que me habita transborde excessivamente, vem o amor, fluindo pelo ar, e me percorre, cruel; dá-me um vigor intenso, imenso, que me abraça as costas de modo tal que mal agüento ser humano.

Eu amo você, eu preciso de você, seja você quem for.

(eu estou bem; é que tenho lido muito Clarice)

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Mais outra tentativa


Este, meu Deus, já é o bilionésimo blog que eu crio; espero que ele não venha com palhaçadas pra cima de mim, porque perder o multiply foi como espremer meu coração e deixar o sangue cair num abismo dentro de mim.

Tantas coisas a dizer, enfim. A UnB é como uma cidade parelela, um universo acadêmico inteiro apenas esperando que os alunos o descubram. A universidade é dona de um arsenal de imagens poderosas que vão fomentar o meu imaginário, como professoras com saia zé e pássaros muito, muito gordos, como o da foto.
No mais, life goes on. E sair de uma esteira que o agarrou por 10 minutos é quase viciante, porque, de repente, assim que você põe o pé pra fora, o chão se move sob seus pés, e não eles sobre o chão. Achei que a academia ia ser puxada em minha direção, como se em cima de um tapete que eu, uma criança birrenta, agarrasse, gritando "meu!".
Nota: o título deriva de uma cena da mesa da sala. Perfeitamente aleatória, deliciosamente dadaísta.