domingo, novembro 26, 2006

Maravilhoso pássaro


Cá dentro, a chaga azul, fria, cresce quente e dolorida, como um sorriso que se descobre fascinantemente, mas desaba num choro sentido logo depois. Lendo as mensagens que nunca recebo, metralhado pelas incertezas muito presentes, tão minhas, percebo a dor do amor que se esvai, maravilhoso pássaro do coração.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Mudou.


Acho que o poema mudou.







Há o olhar teu.
Este que já não é meu.
De tanto doer, o eu...
Querer catapultar.
Catapultar, e não voltar.
Lançar e arremessar.
Sair do meu lar.
Que precisara de tais teus olhares
para não esfarelar.
(amei, entendeu?)
Mesmo se sob quebrados telhados eu viesse a morar.

domingo, novembro 05, 2006

Achados e perdidos


É o achados-e-perdidos da minha vida.
Sentado na cozinha, mãos entre as pernas, pernas cruzadas, o relógio preenchendo o silêncio, o desconforto de estar no mundo, a cabeça doendo, eu espero.
Eu espero a pizza assar.
Eu espero você terminar seus desenhos.
Eu espero a lua sumir da janela. Já sumiu.
Eu espero as novidades chegarem.
Eu espero o barulho das chaves.
Eu espero a presença amiga.
Eu quero um ombro.
Para pegar minhas dores incômodas, amarrá-las numa linha e sair correndo com elas, como quem alça pipas e ergue bandeiras, até que elas voem sozinhas, para além de toda a estratosfera. Fiquem lá e não voltem.