É o achados-e-perdidos da minha vida.
Sentado na cozinha, mãos entre as pernas, pernas cruzadas, o relógio preenchendo o silêncio, o desconforto de estar no mundo, a cabeça doendo, eu espero.
Eu espero a pizza assar.
Eu espero você terminar seus desenhos.
Eu espero a lua sumir da janela. Já sumiu.
Eu espero as novidades chegarem.
Eu espero o barulho das chaves.
Eu espero a presença amiga.
Eu quero um ombro.
Para pegar minhas dores incômodas, amarrá-las numa linha e sair correndo com elas, como quem alça pipas e ergue bandeiras, até que elas voem sozinhas, para além de toda a estratosfera. Fiquem lá e não voltem.