Disseram-me para sonhar com Harry Potter. Não sonhei com Harry Potter. Nem com lugares bonitos. Nem com quadras de esporte. Sonhei com os terrores da minha infância (eu sou da época em que o trem-fantasma do Nicolândia me assustava, e o Fantástico e o Globo Repórter ainda davam medo).
E tinha aquele tal de Plantão Globo também, que, graças a Deus, nunca mais apareceu. Ele interrompia seus programas preferidos com uma música macabra e uma apresentação que causava ataques epilépticos a quem estivesse até uns 200 metros de distância da televisão, e aí aparecia uma mulher-mortícia que anunciava a morte de alguém. Era como estar vendo algum daqueles horrorosos programas da Xuxa, e ser interrompido pela música cemiterial do Plantão Globo, e ficar sabendo que Xuxa estava morta.
É por isso que, hoje, eu não vejo mais TV. Trauma de infância.