terça-feira, outubro 28, 2008

Zen

Deus, me ensina a ser zen novamente.

terça-feira, outubro 14, 2008

Curtas

1. Algumas pessoas tiram os sisos, incham, sangram e sangram.

2. Hoje era o dia em que os ETs iam dar as caras no hesmifério sul, numa suposta missão de paz. Eu esperei tanto para que isso acontecesse! Pelo menos teríamos feriados.

3. Nessa de ir e voltar, estacionar no sol, me preocupar com porcarias, carregar uma câmera pesada a tiracolo, e feder até o fim do dia, terei envelhecido quantos anos?

segunda-feira, outubro 13, 2008

Je me plains par email


Colegas, minha vontade de ficar em casa também é muito grande, de preferência vendo filmes do Alfredo Hitchcock, debaixo do cobertor e sozinho em casa, enquanto chove preto-e-branco lá fora. Entre um chocolate-quente e outro, leio um mangá, um pocket em inglês ou francês ou termino triunfalmente a seleção de fábulas italianas reescritas pelo Ítalo Kalvin. Ou, ainda, das duas uma (ou as duas ao mesmo tempo): posso fingir que trabalho na piauí e ganho um pouco acima da média, mas ainda pouco, com o plus de trabalhar em casa e viajar pelo mundo na apuração de uma matéria maluca, ou finjo que sou um pesquisador de renome que explico aos meus aluninhos virgens que a semiótica tensiva permite entender O Gato Felício de um jeito que eles nunca imaginaram. Hahaha. De todo modo serei um solitário errante, preso nas minhas fantasias.

Queridos, não é por mal, mas agora voltando à nossa realidade seca, quente e ensolarada, sem tons de verde para ver, ainda temos de entrevistar a fulana da Vila Planet e conseguir o contato daquela mulher que tem um restaurante e foi amiga de JK. Lembra? Voltar à pauta escrita e formulada é bom e desesperador - a gente vê o quanto erramos e fugimos da idéia original, além de não termos quase nada apurado.

tequieremos, láfora!

errata: percebi que a fulana da Vila Planet é a mesma que tem um restaurante e foi amiga do JK - ou melhor, é viúva do chef do JK. agora enxergo um futuro.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Sua operação não pôde ser completada

A frase mais ouvida de todo este semestre já é, sem dúvida, a boa e velha "sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita à cobrança após o sinal", que muitas vezes é lida por telefonistas MUITO afobadas que pretendem terminar logo a frase para fazer soar o sinal e cobrar do sujeito que está do outro lado da linha, enquanto o pobre coitado tenta ainda perceber o que aconteceu. Em segundo e terceiro (e quarto e quinto etc) lugares vêm as semelhantes "sua operação não pôde ser completada" (?), "esta caixa postal não possui serviço de chamada ativo" (???), ou a aliterante "atendimento digital: após o sinal digite o ramal ou aguarde".

***

É impressão minha ou os blogs realmente bons, escritos por pessoas que eventualmente despontam para um sucesso meteórico, nunca são hospedados no blogspot?

terça-feira, outubro 07, 2008

Manga


Na mão espalmada a manga grande e descascada cabia inteira, suculenta, cheia de vida aquática. As pessoas são tão chatas, cansativas, palpitantes, palpitativas, bedelhudas, pescoçudas etc. A garagem quente desembocava na seção infantil da loja, recebendo os clientes com um bafo fresco de ar condicionado. A estação do metrô saía assim no meio do nada; à frente, o Banco Central e nada mais, só o azul. A psicóloga é mais uma carrasca na sua vida. E a manga pingando. Mais um ping e daria para ver todos esses elementos do mundo, as cigarras, os prédios, o asfalto-essa-estampa-cruel, o amor, o amor, o amor, o azul, o vermelho, o rosa, e o amarelo da manga rodando no liquidificador.

(crédito da foto: gettyimages)

domingo, outubro 05, 2008

Olhando a cidade


Senta e observa a cidade.
O céu tenebroso é como seu humor enegrecido e seu espírito irrequieto, que sofre por antecipação. Lá embaixo, as garotas alternativas cujas casas parecem filmes do Almodóvar passam rindo, com lenços vermelhos ou azuis na cabeça. Você escolhe. O metrô está meio quente, meio cheio, meio vazio. Transpire o calor. Homens e mulheres se abraçam na chuva, os estrangeiros olham, os estrangeiros olham os estrangeiros. Um menino sai correndo nessa mesma chuva, entre as pessoas, em câmera lenta, carregando uma almofada. Quando ele abraçar a almofada e espirrar água para todos os lados, como uma esponja raivosamente espremida, encharque-se com ele.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Querido leitor



Querido leitor,

Gostaríamos de avisar que o jornal vai atrasar. Até não se sabe quando. Bom, pelo menos até resolverem o problema do calor, que ressalta a nossa sensualidade e aumenta consideravelmente o estresse. Pode ser que tudo volte ao normal depois da reforma da FAC, quem sabe não teremos um ar condicionado? Enquanto isso, a editora-chefe deu um beijo na mesa e foi esfriar a cabeça (beeem longe daqui). Os diagramadores optaram por duas coisas: sucumbir à pneumonia ou festejar o Carnagoiânia. Os revisores, como não há páginas a revisar, não revisam. E, no final, vão sobrar cinco ou seis alunos sobrevivendo nesta redação, um lance meio seleção natural, meio Darwin demais pro meu gosto. Nesse ambiente de guerra que é um currículo doido que comunga rádio e impresso no MESMO semestre, não há botafora que salve (não mesmo) - e se você, leitor, estivesse na nossa pele, já teria mandado tudo para os ares. Sério.

Beijo,
fui.
(Flávio Silva, editor de fotografia da edição 330)

(crédito da foto: capo.mario)