domingo, dezembro 24, 2006

Noutros tempos


Então o cheiro do frango já começa a entrar nos quartos, lá da cozinha. Por mais que eu acredite que os animais vêm ao mundo com uma função a desempenhar no Universo (e não para servir aos homens), tanto quanto nós, humanos, e que humanos e animais são iguais em todos os aspectos espirituais mais básicos, e que todos juntos compõem uma cadeia de relações divinas e inexplicáveis, que se chama Natureza, as pessoas continuam a me olhar torto. Parece-me que estão ainda muito apegadas a essas coisas vãs, essas coisas vis, essas coisas chatas, queixas velhas e idéias anciãs. Neste fim de ano, esses pernis assados fazem parecer que, muito embora eu tente aprimorar o corpo sutil meu e dos outros, os animais vão continuar morrendo para servir aos viciados paladares.

Aparentemente, as escovas-de-dente por aqui têm se reproduzido intensamente. Por quanto tempo uma escova-filhote deixa-se encubar na escova-mãe, até que venha latejando a vontade libertadora de sair do casulo quente? Por outro lado, os sabonetes passam por intenso regime celibatário e não se preocupam em gerar descendências. Mais um sabonete verde-claro, com cheiro de "frescor da manhã" (?), e a gaveta ficará vazia, entregue às... às? Talvez às baratas, que, desde Hiroshima, vivem resistindo aos ataques nucleares, mudando de forma e corpo, mas sempre elas mesmas. Tão fortes, essas meninas cascudas. De todo modo, não pode haver banheiro com muitas escovas e sabonetes nenhuns. O sistema entrará em colapso. Céus. Tchau, banheiro.

Eu desejo, àqueles caríssimos que me leram, um 2007 repleto de banheiros equilibrados, ceias sem cadáver e muito amor com beijos, daqueles que fazem a gente querer mais e catapultam a consciência lááá pro céu, como noutros tempos. Tomara que as coisas sejam mais leves e transitem livremente por aí, com todas as cores bonitas e iguais para todo mundo.

5 comentários:

Flávio A disse...

amém.
mas, sei lá, eu nunca sei o que esperar dos anos que se aproximam.

Anônimo disse...

eu tava aqui lendo os posts não-lidos. eu sou meio sem noção, né? meio que sumi daqui um tempão. é que lá da minha bolha era muito esquisito penetrar esse mundo outro que não era mais muito meu.
mas eu voltei, e li suas pequenas sutilezas, sempre tão lindas, tão limpas, sem falhas, que fluem e fluem.

vc é tão lindo, flú!

2007 vai ser nosso, vai ser tudo, que eu sei. (eu sei)

Line disse...

Flávio, desejo tudo isso e muito mais pra ti ;)


Mas, hun... eu quero continuar tendo cadávares na minha mesa de jantar, ok? Eu te apoio achando que animais não devam nascer para servir ao homem e apoio você não querer comer carne. Como você mesmo disso, porém, nas "cadeias divinas e inexplicáveis" da Natureza, existem as tais cadeias alimentares...! e nelas eu, também, me encaixo. Me encaixo em vários níveis, por sinal! Como consumidor primário, comendo seres fotossintéticos, e como consumidor secundário e mais também. Porque é a lei da Natureza, quer queira ou não... e também porque é gostoso, heuehueh ;)

Mas continue sendo vegetariano, com fé \o/

Um 2007 estupendo pra você.
Beijos grandes =******

LUDMILA BARBOSA disse...

Happy 2007 para você também. Diferente esse texto, mas eu entendo exatamente o que vc quis dizer.
Beijão!!!

Weronika disse...

na verdade eu enxergo tudo mais ou menos como deveria ser, só q explorado por nós e elevado ao cubo. é pq é tudo tão em massa, e esses animais pobres já são tão puro hormônio e nada que a natureza própria tem dificuldade em reconhecê-los. será que há espírito em todo animal q morre, num massacre de oitoscentos bilhões a cada doze horas? eu n sou contra comer animais mas contra a impossibilidade de haver uma reflexão sobre o q é feito rpa termos na mesa duas vezes por dia um pedaço de carne.
antes, as pessoas comiam e veneravam os animais. rezavam aos deuses em um simples ato de respeito ao animal e à natureza.
e no fim n sei o q eu condeno
mas já me conformei há muito que esse simplesmente nunca foi o meu mundo, n nasci para entendê-lo bem.
e nem quero.
=(