terça-feira, outubro 16, 2007

Voltar ao pó


Em 1990 (por aí) eu tinha enormes bochechas e usava escondidos os Rayban de minha mãe, porque ficavam mega-sexies etc. Foi nesse ano que fomos a Natal, e foi nas praias natalenses que meu corpo pequeno e irresponsavelmente bronzeado era açoitado pelos vendavais de areia (depois o destino me mandaria àquelas terras mais seis vezes). Ainda era a época em que hospedávamo-nos corajosamente em casas alugadas e sobrevivíamos à boa vontade dos nossos relapsos. Foi assim que, cansado da enrolação paterna, eu tirei a roupa, vesti a sunga e saí percorrendo a praia, naqueles passinhos corridos das crianças que acabaram de aprender a andar. O sol me recebia com fé e eu encarei o mar com as vistas nuas, e depois entrei lentamente na água, porque lá eu sabia que os ventos com areia não iriam me atingir.

Então veio uma mulher. Ela chegou a tempo suficiente para que eu não sentisse a falta dos pais que eu havia perdido após minha decisão resoluta (àquela altura, minha mãe, esbaforida e quase inconsciente, percorria a vizinhança, e meu pai ainda conversava com a vizinha). A mulher perguntou meu nome e minha procedência, e eu a levei até a casa que nos servia de abrigo. Foi um reencontro emocionante e cheio de agradecimentos, mas eu, pequeno, via só pernas.

Do pó vieste, e ao pó hás de retornar.

3 comentários:

Unknown disse...

"...mas eu, pequeno, via só pernas."

ah, não tinha nada mais interessante pra olhar mesmo, né? =P

hahha!

safadezas à parte, ficou bem psicodélico. meio amiga imaginária. (y) meio tilly-tilly...

Renata disse...

eu já me perdi na praia de verdade quando eu tinha uns três anos... Minha mãe fez um escândalo.

Íris disse...

lembrei-me das minhas idas as praias, correndo q nem umalouca pq adorava água e no dia q me escondi embaixo de calças numa loja e meus pais enlouqueceram a minha procura!